sábado, 25 de junho de 2011

HEPATITE B - OS PERIGOS DE UMA INDESEJÁVEL CONTAMINAÇÃO

Hepatite B
Origem do Texto: Portal São Francisco
Publicado em:  (?)



Imagem Ilustrativa
A hepatite B, provocada pelo Vírus da Hepatite B (VHB), descoberto em 1965, é a mais perigosa das hepatites e uma das doenças mais frequentes do mundo, estimando-se que existam 350 milhões de portadores crónicos do vírus. Estes portadores podem desenvolver doenças hepáticas graves, como a cirrose e o cancro no fígado, patologias responsáveis pela morte de um milhão de pessoas por ano em todo o planeta; contudo a prevenção contra este vírus está ao nosso alcance através da vacina da hepatite B que tem uma eficácia de 95 por cento.  O vírus transmite-se através do contacto com o sangue e fluidos corporais de uma pessoa infectada, da mesma forma que o vírus da imunodeficiência humana (VIH), que provoca a Sida, só que o vírus da hepatite B é 50 a 100 vezes mais infeccioso do que o VIH.  Existe também a possibilidade de transmissão de mãe para filho, no momento do nascimento, uma forma de contágio especialmente grave, dada a grande tendência de evolução para a cronicidade e que é muito comum nas zonas hiperendémicas de países em desenvolvimento, onde a maior parte dos infectados contrai o vírus durante a infância. Nos países industrializados, esta faixa etária é a que se encontra mais «protegida» já que a vacina contra a hepatite B faz parte do programa nacional de vacinação de 116 países, Portugal incluído. No mundo ocidental, Europa e América do Norte, o vírus é transmitido, sobretudo, aos jovens adultos por via sexual e através da partilha de seringas e outro material de injecção entre os utilizadores de drogas endovenosas.  O vírus provoca hepatite aguda num terço dos atingidos, e um em cada mil infectados pode ser vítima de hepatite fulminante. Em menos de dez por cento dos casos em que a infecção ocorre na idade adulta, a doença torna-se crónica, verificando-se esta situação mais frequentemente nos homens. Em Portugal, calcula-se que existam 150 mil portadores crónicos do VHB .

O Vírus



O Vírus da Hepatite B (VHB), da família dos hepadnavírus, é composto por ácido desoxirribonucleico sendo o único vírus de hepatite a possuir ADN como material genético e tem um diâmetro de 42 nm.  A infecção pelo VHB tem um período de incubação longo, entre as seis semanas e os seis meses, e é mais prevalente na Ásia, Pacífico e África inter tropical, onde se calcula que entre cinco e 20 por cento das pessoas sejam portadoras crónicas. O vírus tem menor incidência no mundo desenvolvido, Estados Unidos da América e Europa Ocidental, mas regista-se um elevado número de casos na Europa Central e Oriental.

Sintomas



Os primeiros sintomas a surgir são febre, mal-estar, desconforto, dor abdominal, dor nas articulações e erupções na pele. Mais tarde, pode aparecer icterícia, a urina tornar-se escura e as fezes mais claras do que o habitual. A hepatite crónica pode não apresentar quaisquer sintomas específicos, mas por vezes, provoca alguma debilidade associada a cansaço.

Diagnóstico



Os marcadores que permitem diagnosticar a hepatite B surgem no sangue em tempos diferentes. Normalmente, o primeiro a detectar-se é o antigénio HBs, que persiste um a três meses e que demonstra a presença do vírus, no organismo. Um pouco mais tarde (mas às vezes ao mesmo tempo) surge o antigénio HBe, sinónimo de que o agente infeccioso está a multiplicar-se. É nesta fase que é mais elevado o perigo de contágio.  Só depois surgem os anticorpos e o primeiro a aparecer, em geral, é o anti-HBc; em seguida, se as defesas imunitárias do organismo estiverem a funcionar correctamente, surgem o anti-HBe, como resposta ao antigénio HBe. Isto significa que houve uma seroconversão, a multiplicação do vírus diminuiu e, se nada alterar o curso normal, desaparece o antigénio HBs e surge o anticorpo anti-HBs, que permanece no organismo para o resto da vida e confere imunidade.


A presença do antigénio HBe, além das oito semanas, indica que a hepatite está a passar a uma fase crónica. A permanência do antigénio HBs, por mais de seis meses confirma a passagem ao estadio crónico. A realização de uma biopsia hepática pode ser necessária nalguns doentes que apresentem indícios da presença do vírus no organismo por mais de seis meses para avaliar a gravidade das lesões do fígado. Como a infecção crónica pelo VHB é uma doença sexualmente transmissível, devem-se fazer análises para detectar a eventual presença do VIH nas pessoas infectadas.

Transmissão



O contacto com sangue infectado e as relações sexuais desprotegidas são as duas formas principais de transmissão no mundo industrializado. Nos países em desenvolvimento, a transmissão de mãe para filho é também uma forma importante de contágio, chegando a atingir uma taxa de 90 por cento nas zonas hiperendémicas.  A hepatite B não se transmite pelo suor ou pela saliva (a menos que esta tenha estado em contacto com sangue infectado), não podendo haver contágio através de um aperto de mão, abraços, beijos ou por utilizar pratos ou talheres de pessoas infectadas.

Como Prevenir?



Evitar o contacto com sangue infectado ou de quem se desconheça o estado de saúde, não partilhar objectos cortantes e perfurantes, nem instrumentos usados para a preparação de drogas injectáveis, e usar sempre preservativo nas relações sexuais são as principais formas de prevenir o contágio. A realização de tatuagens, a colocação de «piercings» e de tratamentos com acupunctura só deve ser feita se os instrumentos utilizados estiverem adequadamente esterilizados.

Vacinação

 

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Existe uma vacina contra a hepatite B que pode ser tomada por todas as pessoas, mas que não tem qualquer efeito em quem já está infectado pelo vírus. É composta por três doses que são administradas através de injecções intramusculares e regista uma eficácia de 95 por cento. Em Portugal, está incluída no Programa Nacional de Vacinação. Os bebés, filhos de mães portadoras do vírus, devem ser vacinados à nascença, após o que não existe risco de transmissão pelo aleitamento.   A vacina contra a hepatite B começou a ser testada em 1975, em França e foi comercializada a partir de 1981. As primeiras vacinas eram constituídas pelo antigénio HBs, retirado do plasma de doentes infectadas e que, ao chegar ao organismo da pessoa vacinada, desencadeava a produção de anticorpos anti-HBs, servindo assim de protecção. Actualmente, existem vacinas chamadas ?recombinantes? obtidas a partir de engenharia genética, usando células de hamsters ou de leveduras.  A vacina tem-se revelado segura, não havendo prova que possa provocar reacções secundárias, nomeadamente doenças autoimunes.  A imunidade parece ser duradoura, não havendo necessidade de reforços, pelo menos nos primeiros dez anos de vacinação.

Tratamento


A hepatite B aguda é tratada com repouso e aconselha-se o doente a não consumir bebidas alcoólicas e alimentos ou medicamentos que possam ser tóxicos para o fígado.  Se a hepatite B evolui para uma doença crónica pode fazer-se o tratamento com interferão ou com medicamentos designados por análogos dos nucleósidos, que têm como objectivo interromper a multiplicação do vírus e estimular a destruição das células infectadas. O interferão peguilado, ou peginterferão, veio substituir o interferão clássico. O tratamento com peguinterferão dura, em geral, 12 meses e tem uma eficácia de 36 a 42 por cento, sendo mais alta nos doentes com transminases mais elevadas e com carga vírica mais baixa.  Em alternativa, o tratamento pode ser feito com os análogos dos nucleósidos, como a lamivudina e o adefovir, que têm um efeito antivírico potente mas que necessitam duma administração mais prolongada do que o peginterferão para se obterem taxas de resposta semelhantes.

Como com todos os medicamentos, os tratamentos para a hepatite B têm efeitos secundários, pelo que os doentes devem aconselhar-se com o seu médico.  Se a hepatite crónica conduzir à cirrose e esta evoluir para a insuficiência hepática, aconselha-se o transplante hepático. Contudo, no caso da hepatite B os riscos de recidiva são muito elevados, pois, não existem formas eficazes de evitar a infecção do novo fígado. Normalmente admistra-se imunoglobulina anti-HBs logo após ter-se retirado o fígado do corpo e antes de inserir o novo órgão, para neutralizar o vírus que se encontra no sangue. O doente deve continuar a receber imunoglobulina anti-HBs durante vários anos, para evitar o reaparecimento do antigénio HBs. O doente que vai receber o novo fígado não deve ter mais de 65 anos nem sofrer de uma patologia grave que afecte outro órgão como os rins, os pulmões e o coração.

Fonte: www.roche.pt

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