sábado, 25 de junho de 2011

ALTERAÇÕES NO APARELHO DIGESTIVO NA TERCEIRA IDADE


Aparelho Digestivo na Terceira Idade: Alterações Esofagogástricas
Origem do texto: boasaude.uol.com.br
Data da publicação: 10/01;2001


Inúmeros fatores alteram o funcionamento do aparelho digestivo, destacando-se os hábitos alimentares e a tensão emocional. Ao redor dos 50 anos ocorre uma diminuição na velocidade da digestão. Na terceira idade o suco gástrico fica menos ácido e o esvaziamento do estômago fica mais lento. Há diminuição do afluxo de sangue para todo o aparelho digestivo e a motilidade intestinal diminui. Estas modificações levam a alterações na absorção dos alimentos e de outras substâncias. Isto tem reflexos na utilização de medicamentos que podem se tornar mais tóxicos, ou menos eficazes.  No esôfago as principais doenças que ocorrem na terceira idade são a esofagite, a hérnia de hiato e o câncer; no estômago são a gastrite, a úlcera péptica e o câncer.



Constitui uma afecção inflamatória do esôfago. Frequentemente é provocada pelo refluxo gastresofágico, sendo denominada, neste caso, esofagite de refluxo. A esofagite de refluxo está relacionada à obesidade, ao tabagismo e ao alcoolismo. Em geral está associada à hérnia de hiato e se agrava em pacientes alimentados em decúbito dorsal. A esofagite pode decorrer de infecções por fungos e vírus, em situações de queda da imunidade, durante a utilização de corticoides ou tratamentos quimioterápicos. A principal queixa é a odinofagia e a disfagia. Em geral há emagrecimento acentuado. O diagnóstico é feito pela clínica e pelo exame endoscópico com biopsia. Pode ser realizado exame radiológico contrastado. O tratamento se baseia em medicação antiácida e dieta. Nas infecções devem ser utilizadas drogas específicas.




A hérnia de hiato é a protrusão do estômago através do hiato em direção ao esôfago. Decorre de uma fraqueza, congênita ou adquirida, da musculatura do diafragma. É comum no obeso. Frequentemente é acompanhada de refluxo gastroesofágico ou esofagite de refluxo. Entretanto, nem toda esofagite de refluxo é acompanhada de hérnia de hiato.


A hérnia hiatal é uma afecção muito comum entre os 40 e 50 anos. Produz azia, regurgitações, e dificuldade na deglutição. O diagnóstico é basicamente clínico e o exame endoscópico e/ou radiológico são feitos para excluir outras doenças (gastrite, úlcera, tumores). O tratamento, em geral, é clínico, através de antiácidos e dieta. O tratamento cirúrgico está indicado nas situações que não respondem ao tratamento clínico.


O câncer de esôfago não apresenta relação com a idade. O mais comum é o carcinoma do epitélio do esôfago (adenocarcinoma e tumor de células escamosas). É mais comum em homens, sendo relacionado ao tabagismo e ao etilismo. A sua principal manifestação clínica é a perda de peso associada a disfagia. O diagnóstico é feito pelo exame radiológico do esôfago e pela endoscopia. O tratamento é cirúrgico, em geral associado à radioterapia. Pode ser curável quando tratado na sua fase inicial.


A gastrite consiste em um processo inflamatório da mucosa gástrico identificado através da endoscopia. Esta afecção foi considerada durante muito tempo como uma consequência do envelhecimento associada às várias agressões, ocorridas com o tempo. Sabe-se hoje, que sua causa mais comum é a infecção por Helicobacter pylori, um microorganismo gram negativo.


A gastrite aguda é a mais grave relacionando-se com doenças graves, acidentes e traumas. Sua principal manifestação é a hemorragia digestiva. O quadro clínico é grave, porém reversível, respondendo bem ao tratamento clínico, que consiste na retirada do fator irritante e no uso de antiácidos.


A forma crônica responde bem à correção do fator causador não sendo necessária qualquer medicação na maioria dos casos. Em geral está relacionada a distúrbios alimentares, a infecções e à utilização continuada e descuidada de medicamentos. Na terceira idade, com frequência, se deve ao uso de medicamentos que lesam a mucosa gástrica, ou a processos infecciosos. Entre os medicamentos que mais desencadeiam este tipo de gastrite estão o ácido acetilsalicílico e os antiinflamatórios não hormonais. O alcoolismo também é um fator importante.

A gastrite atrófica é uma forma de gastrite crônica com características hereditárias comum na terceira idade. É uma doença própria da mucosa do estômago, cujo diagnóstico é feito através de exame endoscópico com biopsia. Leva a uma má absorção de vitamina B12 e consequente anemia e manifesta-se clinicamente através de azia, dificuldade de digestão, náuseas e vômitos.




Úlcera Gastroduodenal  

A úlcera gastroduodenal tem sua incidência em franco declínio. Observa-se, entretanto, que suas complicações persistem com importância significativa entre os idosos, principalmente as perfurações e as hemorragias.

A localização no estômago é mais frequente na terceira idade. Está relacionada com a infecção por Helicobacter pylori. Drogas como a aspirina e os anti-inflamatórios não hormonais são causas que devem ser consideradas. A cortisona também facilita a formação da úlcera. O alcoolismo, o tabagismo, e o estresse também são determinantes importantes. Longos períodos de internação, como por exemplo, durante o tratamento de uma fratura ou após um acidente são causas importantes de estresse.



Na terceira idade as manifestações clínicas da úlcera são pobres caracterizando-se por desconforto gástrico, azia e náuseas. Em geral a primeira manifestação já é uma complicação, como a hemorragia, ou a perfuração. A obstrução pilórica é outra complicação passível de ocorrer.


O diagnóstico da úlcera péptica é feito através da endoscopia ou de exames radiológicos contrastados. O tratamento em geral é clínico, e tem como base a dieta, a correção de certos hábitos, como o alcoolismo e o tabagismo e a utilização de antibióticos e antiácidos. O tratamento cirúrgico é cada vez mais raro devido à eficiência das drogas antiulcerosas modernas e está restrito às complicações da úlcera.


A grande maioria dos tumores gástricos é maligna, representados em 95% dos casos pelo adenocarcinoma. Este tumor é mais comum na terceira idade, sendo raro abaixo dos 50 anos. Predomina no sexo masculino e em indivíduos de baixo nível socioeconômico. Segundo dados norte-americanos, sua incidência tem diminuído, mas ainda é frequente em alguns países como no Japão. Está relacionado à infecção por Helicobacter pylori e a certos tipos de dieta como peixe defumado, carnes grelhadas, alimentos temperados e salgados. Está associado também ao tabagismo, à gastrite crônica e à úlcera gástrica, mas não é comum em portadores de úlcera duodenal. A utilização de ácido ascórbico parece prevenir o aparecimento do câncer gástrico.





Seus sintomas são pobres e em geral representados por dores abdominais após as refeições, perda de peso, fraqueza e anemia. Não raro sua primeira manifestação já é devida a uma metástase. O diagnóstico é feito pela endoscopia, com biopsia. O tratamento é cirúrgico. Quanto mais precoce o diagnóstico e a cirurgia melhores os resultados.



Referências Bibliográficas

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7. Medical Treatment of Peptic Ulcer Disease Practice Guidelines Andrew H. Soll, MD, for the Practice Parameters Committee of the American College of Gastroenterology JAMA. 1996; 275:622-629.

Copyright © 2001 eHealth Latin America                 10 de Janeiro de 2001
 

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